Há mais de dois meses confinados devido à epidemia da Covid-19, o comportamento dos consumidores certamente foi modificado em todos os segmentos. Esse foi o tema da pesquisa “Monitoramento da Nova Rotina – Consumo, marcas e opinião”, realizada pela IBOPE Inteligência que foi apresentada em webinar promovida pela marca LYCRA® .
A transmissão contou com a participação de executivas da The Lycra Company, IBOPE Inteligência e Lojas Riachuelo. O webinar, nomeado “Consumidores e Marcas: A nova rotina de consumo”, trouxe conclusões da pesquisa e tendência de mercado têxtil.
A pesquisa foi realizada com uma amostra de 1.500 pessoas com internet em todo Brasil, idade média de 37 anos, 65% classe C e 35% AB e, contou com cinco ondas (uma rodada por semana), de 20 de março a 20 de abril, apresentando ainda os dados de consumo de moda.
Segundo Andréa Braga, diretora de atendimento e planejamento do IBOPE Inteligência, 40% dos entrevistados já fez compras de vestuário e metade desse índice, o equivalente a 20%, realizou as transações de forma online. “Ainda que o consumidor não esteja comprando na quantidade habitual, ele continua pesquisando informações na internet. Por isso, é importante que as marcas continuem aparecendo e com ações positivas para a sociedade”, afirmou a executiva.
Ainda segundo Andréa, entre os clientes que fizeram transações online, as lojas de departamento ainda representam a maior parte das compras para jeans (43%) e roupa íntima (33%). Para roupas esportivas, a maior parcela das compras, 40%, é feita em lojas especializadas contra 31% das lojas de departamentos. Na moda praia, o índice é de 33% para ambos os segmentos (departamento e especializada).
A pesquisa revelou ainda os principais sentimentos que permeiam as pessoas nesse momento. Em primeiro lugar vem a incerteza, seguido de medo, esperança, calma e ansiedade. Contudo, com o passar das semanas, o nível de preocupação se apresentou mais leve. A maioria procura se informar sobre a pandemia através da TV aberta e, em segundo lugar, ficaram os sites ou portais de notícias. Já 74% dizem que se sentem cansados de tanta informação sobre o Covid-19.
Vale destacar que 40% dos entrevistados dizem que estão comprando outras marcas porque as que gostam não encontram. As marcas que mais se destacaram foram as que anunciaram suas ações nesse momento, entre elas estão Itaú, Ambeve, Magazine Luiza, Bradesco, Natura, Americanas, Santander, Ipê e O Boticário. Há ainda as que se destacaram negativamente: Havana, Madero, Globo e Giraffas.
Em relação ao consumo no varejo, ainda que não estejam comprando buscam informações no segmento jeanswear, roupa íntima, esportiva e moda praia. E, para os que realizam as compras, elas foram feitas principalmente em lojas de departamento de forma online, seguida de lojas específicas para o tipo de roupa. Por fim, o resultado é positivo, porque mesmo que as vendas estejam menores, as pessoas continuam consumindo.
“O consumidor vai valorizar as marcas que estiverem ao lado dele nesse momento e, que estejam ajudando de alguma forma a sociedade. O lado social começa a ganhar relevância”, comenta Andréa.
Em relação ao digital, ela acredita que o consumidor estará mais conectado após a pandemia porque descobriu novas maneiras de comprar como, por exemplo, algum novo aplicativo que antes não conhecia. Em contrapartida, as marcas também buscam novas experiências e amadurecimento no formato online. “Se a experiência é positiva naquele canal de vendas, ele fica satisfeito e tende a permanecer”, destaca Andréa.
O webinar contou ainda com a participação de Marcella Kanner, head de comunicação corporativa e marca das Lojas Riachuelo, além das executivas da The LYCRA Company, Adriana Morasco, vice-presidente para a América do Sul, e Silvana Eva, gerente de marketing.
Para Adriana, a pandemia deve mudar os hábitos de compra no varejo e trouxe uma aceleração do online. Além disso, ela afirma a importância da cultura do cuidado e a conexão entre marca e consumidor.
A Riachuelo, que conta com e-commerce desde 2017, suspendeu as atividades de todas as suas lojas físicas e têm focado nas vendas online – que mais que dobraram neste período de pandemia. Desde o isolamento social, o ritmo desse segmento já ultrapassa os resultados da temporada de Black Friday.
De acordo com Marcella Kanner, as marcas estão mais humanas e a Riachuelo com suas lojas físicas fechadas têm realizado outras ações de marketing abrindo novas frentes nesse período como o apoio às lives de cantores e bandas. “Conseguimos mais de um milhão de novos downloads do aplicativo nos meses de março e abril. A empresa também abriu novos canais de vendas, como o WhatsApp e uma rede de afiliados, soluções que vieram para ficar”, detalha.
A executiva destaca ainda que, em função do trabalho home office, há uma busca por roupas confortáveis, mas que deixem as pessoas arrumadas, já que há muitas reuniões online. Além disso, o infantil também obteve um crescimento nas vendas e o jeans foi uma surpresa, por se tratar de um produto que muitas vezes, pareça desconfortável para ficar em casa.
Silvana Eva comenta que o conforto sempre foi atributo número um nas pesquisas realizadas pela marca LYCRA®, independente da roupa, e em segundo lugar, os consumidores buscam a qualidade.
Tendências
E, quais são as tendências identificadas agora e, que vão continuar no futuro? Marcella Kanner apontou que o digital é um caminho sem volta e, na hora que as lojas reabrirem é necessário seguir a união do físico com o digital no Omnichannel. “O digital continua, mas o contato humano vai ser muito importante. As pessoas vão sair com vontade do olho no olho”, disse.
Outro ponto a ser observado é a moda nacional, o feito à mão e a cultura do nosso produto que são valores que continuam. Já Silvana Eva acredita na colaboração das empresas que começaram a produzir itens importantes para esse momento, além da qualidade em peças que não sejam mais descartáveis.
Seguindo o fio, Adriana Morasco comentou que a indústria têxtil emprega mais de 10 milhões de pessoas no Brasil, sendo que 75% são mulheres. Para a executiva, vivemos um momento único, de fortalecer a indústria nacional, com uma moda mais justa, inclusiva e sustentável. “A moda é uma das principais ferramentas do comportamento de um povo e a pandemia trouxe um olhar para dentro, de valorizar o que é nosso”, diz.
Por fim, Marcella indicou que acredita que surgem oportunidades nas crises, com momentos de reflexão. “Vamos sair dessa pandemia com mais foco, mais sustentáveis e com propósito”, finaliza.
FONTE: https://guiajeanswear.com.br/